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Absinto muito

absinthe.jpgMamãe é uma viciada!
Este é um pedido de ajuda. Minha outrora tão brilhante progenitora foi acometida de CPÍte compulsiva aguda. Não quer mais escrever para este sítio e agora passa noites, madrugadas diante da TV ouvindo intermináveis depoimentos.
Sabe tudo sobre a novela do mensalão: é capaz de citar de cor o número da conta bancária de todos os personagens, o tom da tintura de cabelo de todas as ex-mulheres e ex-secretárias-sex-symbol e conhece toda a coleção de gravatas do Rouberto Chefferson.
Ela jura que entende a trama e já sabe quem matou Salomão Ayala.
A dependência física e psicológica se mostra cada vez mais clara, com todos os sintomas clássicos. De manhã, corre para os jornais com voracidade patológica. Não se contenta com as manchetes, precisa de doses cada vez mais pesadas e lê as menores notas, as letras mais miúdas. Já apresenta manchas negras nas pontas dos dedos, por manuseio abusivo do papel impresso, e seus exames revelam niveis tóxicos de tinta. Quando o jornal matinal se exaure completamente, dedica-se a contragosto a seus afazeres, ansiando pelos momentos de folga, nos quais corre para a TV ou ainda para o computador, onde explora blogues políticos e sites informativos, em busca de novos lances, nuances, detalhes, numa luxúria desenfreada.
Passeando por aí, descobri que a recém-repaginada colega Cam anda sofrendo do mesmo mal.
Será que você, amiga-irmã-dona-de-casa, também sofre em silêncio?
Vamos dividir nossos dramas e criar a CPIA (cepeiômanos anônimos) para cuidar dos adictos queridos. E a CPIANON para cuidar de nós outros, parentes e amigos dos adictos, também chamados co-dependentes. Nós também estamos doentes e precisamos nos tratar com urgência!
As palavras de ordem de nossa fraternidade anônima:
CP-IA moralizar o país! Ah, fala sério, CP-IA-NON…
***
Saio da vida para entrar na história
Teve um encontro fundamental de blogueiros sexta-feira aqui no Rio e TODO MUNDO foi, menos EU, é claro! Mais um evento imperdível perdido, para abrilhantar meu currículo. Temo que meus futuros biógrafos não terão muita coisa pra contar… Paciência, nunca gostei mesmo de biografias.
Em compensação, nesse mesmo dia, dois de meus personagens preferidos tiveram filhos, gerando 3 novas estrofes de uma história que eu considerava completa. Foi emociante! Nasceu um casalzinho de artistas circenses, não é um amor?
***
Boa semana, pessoas!
E botem minha mãe pra trabalhar aqui no pedaço, por gentileza! No mínimo ela podia compartilhar suas conclusões políticas conosco, pobres co-adictos que já perdemos o bonde desse folhetim há séculos.
Exponha essa história vergonhosa, lave essa roupa suja em público! Abra seu coração, irmã Maria Helena, coragem!! É compartilhando que o dependente se cura!…
E sai dessa lama, enquanto é tempo. Fecha esse jornal, desliga essa TV, esquece esse Brasil, Manhê… Só por mais 24 horas.

13 Responses to “Absinto muito”

  1. pecus says:

    O bom dos cepinômanos é que nosotros não precisamos nem abrir o jornal. Eles nos mantém informados, mesmo contra a nossa vontade.

  2. Ricardo says:

    Também sou compulsivo por CPI’s.
    Sempre que posso, assisto depoimentos, ocultamentos, encobrimentos, obscurecimentos, cegamentos, surdamentos e tantos outros “entos” utilizados pelos depoentes.
    Assisto, apavorado, discursos e arrazoados feitos apenas em prol das campanhas dos participantes (sortudos) das CPI’s.
    ***
    Toda esta curiosidade (mais que) mórbida já rendeu discussões. Também a disputa pelo controle remoto já chegou, algumas vezes, às vias de fato. Ainda bem que voltei pra academia e já não estou apanhando da patroa.
    ***
    Favor anotar meu nome e telefone. Me avise quando é a primeira reunião da CPIA.
    Abraço

  3. nando says:

    Que coisa divertida. Dona Maria Helena é show. O que será que lhe interessa tanto? O treme-treme de uns? A firmeza de outros? Se bem que tem réu que começou quase que se borrando e agora já está animadíssimo. É uma febre!!! No começo dói, mas depois a graduação chega. Réu hoje para a glória de amanhã. Se bem que não vejo a menor graça no Delfim Neto, o Maluf ainda é mais serelepe. Todos os artistas da TV são esperançosos. Afirmam que acreditam no Brasil, essa terra riquíssima. Eu sinto o que estou vendo. Essa esperança estacionária e progressivista eu não sinto verdadeiramente. Mas vamos aprendendo com esses astros do nosso tempo…

  4. Leila says:

    Chris, adorei o seu pedido de socorro! Felizmente, aqui de longe estou imune a esse vício. Mesmo lendo pela internet, sinto-me um tanto afastada da situação, a coisa não me atrai mesmo. Também não preciso participar da CPI NON porque se algum parente meu no Brasil está viciado, eu não tenho como ser afetada por isso.
    Boa sorte e lembre-se dos 12 passos para a libertação da dependência.

  5. Palpiteira says:

    Adorei essa: “CP-IA moralizar o país! Ah, fala sério, CP-IA-NON” Heheheh.

  6. Cam Seslaf says:

    Hahahaha!
    Só por hoje não vamos acessar o blog do Noblat. Só por hoje não alternaremos a TV Senado e a Globonews no controle remoto. Só por hoje não recusaremos convites para jantar porque é dia de depoimento. Só por hoje… ;D

  7. Muito bom este apelo, Chris! Ri pra caramba aqui! Engraçado que minha avó não entende lhufas de nada (está com princípio de alzheimer), mas faz questão de manter a TV ligada quase o dia todo. E, pra agravar tudo, ela é quase surda, e o volume fica algo ensurdecedor (pra mim, ela já está praticamente lá). Então, mesmo que eu não queira estar por dentro, não tem como passar incólume aos “Eu repilo” proferidos à exaustão pelo Dirceu e a já clássica “Você desperta em mim os instintos mais primitivos”, do Chefferson (óótemo este apelido! rs). Te juro que a impressão que eu tenho às vezes é de estar ouvindo uma novela mexicana no SBT! A começar pelos nomes: Fernanda Karina, José Dirceu, Marcos Valério, Delúbio Soares…
    Sua mãe logo mais estará curada. Espero! rs
    Um beijo pra família toda!

  8. Pinto says:

    O tempora o mores. Já vi Maria Helena assistindo coisa melhor…
    ;^)
    Saudades duplas.

  9. Maria Helena says:

    Cam,
    Só você pode me entender. Há fases em que me sinto melhor, há outras – como agora – que são momentos de pico (pior que pico, reconheço).
    Não me lembro de mim sem carregar o vício. Para amenizar as pedradas costumo dizer que fui normal até 64. Mas não é verdade. Creio que tudo começou no berço.
    Beijo solidário!

  10. dal says:

    Então… no “The Catcher in the Rye”, o Holden Cufield fala que o livro é bom quando tem vontade de ligar para o escritor depois de lê-lo. Bai dê uêi: qual seu telefone, gatinha?
    OBS: eu até fui a umas reuniões virtuais do AA, então posso te dizer, por analogia, que a CPíte é doença, por enquanto incurável. É só controlável, mas curar, não cura não… coitada. Força, amiga, e confie num poder superior.

  11. Cynthia says:

    Já eu sou uma preguiçosa sem vergonha, que vive às custas da CPInomania dos outros. Não leio os jornais, não assisto aos depoimentos, mas fico sabendo das melhores partes devidamente filtradas, editadas e analisadas pelas magníficas Fal, Cam e espero, em breve, Maria Helena também. Estou só na maresia, e tá bom… ;o)

  12. christiana says:

    Gente, antes de tudo, agradecida pela força! Nessas horas de vício em família, o apoio dos amigos é fundamental! ;o)
    Ricardo e Cam, eu aviso da próxima reunião. Mas saibam que vocês já estão seguindo o primeiro dos 12 passos: admitir seu vício e sua impotência diante dele. Com perseverança e muita fé vocês vão conseguir!
    Eu, de minha parte, estou como o Pecus e a Cynthia: conto com os cepeiômanos próximos para me manter informada sobre os assuntos mais palpitantes. Minha tese é de que, se for realmente importante, alguém vai me contar. Se eu não ficar sabendo, é porque não era relevante.
    A todos, agradeço pela visita e pelos comentários, mais tarde tento responder um por um.
    Minha mãe também agradece, mas não pode vir aqui fazê-lo pessoalmente porque, no momento, está em posição fetal, pupilas dilatadas, babando e esbravejando impropérios incompreensíveis diante da TV ;o))
    Ah, Patrícia (acho que) não fui eu que inventei “Rouberto Chefferson”. Devo ter lido em algum lugar, mas não consigo lembrar onde foi, pra dar o crédito. Se alguém aí souber, me informe por gentileza, que eu ponho lá.
    Beijos!

  13. Clarice says:

    Eu estou desconfiada de que, por circundtâncias, estou ficando viciada em comentar atrasada. Colhe-se em dobro!
    Não posso apontar para Cam(lá eu comento sobre), nem para Maria Helena(sou solidária,olhos vidrados, viciada em romance legal).
    Acredita que no dia do ciclone, à noite, sem energia elétrica, de castiçal na mão, eu olhei para Tv, negra como o tempo e lembrei que tinha perdido aqueles depoimentos?
    Não leio jornal nenhum, mas essa novela? Não perco um capítulo…por semana! Nem Maximilian Shell teve desempenho como alguns desses artistas!Háháhá!

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