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Category Archive for 'Uncategorized'

a catedral

  aqui por exemplo o vento chora a noite finda o dia ainda demora a hora é linda o tempo pára e ora agora é o único templo onde deus mora      

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a estátua

  esculpo meu verso num tronco de mármore como quem ausculta a ordem oculta do universo quando árvore      

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o púbis

  falo dessa luz que risca o céu profundo a faísca maluca tonta que atravessa o fim do mundo em cada poro da tua nuca até a ponta do meu osso ilíaco como um meteoro cruza o zodíaco      

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o órion

  não se espante diante do silêncio estonteante das galáxias distantes   nada sempre será tão sério como era antes   o irrelevante mistério das estrelas errantes   o inútil cemitério de diamantes    

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os lusíadas

  a vida é frágil como um livro num naufrágio   do ser vivo nada sobra nada escapa   nem a capa nem o assunto   numa dobra do universo acaba o mundo   o verso é livre só a obra sobrevive    

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a sonata

  tento ser breve nem tudo deve ser dito no momento e muito menos escrito em voz alta nem tudo que dói é poesia deixa muda essa falta básica até soar um grito deixa solta essa música como o vento quando flauta , sendo o sopro agudo do tempo em sua sinfonia sem pauta      

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a força

  quando venta a borboleta sustenta as imensas asas azuis como um atlas que aguenta o planeta sobre as omoplatas      

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o espinho

  aqui venho achar na dor o que não tenho   o desenho do teu pelo no meu tato   eis o pacto de amor entre a pele e o cacto      

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a plateia

  além de mim só uma mosca veio   assistir ao formidável fim da tarde fosca de um dia feio    

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o oco

  retiro do mundo o corpo recolho meu olho escuro na fresta no meio da testa um furo fundo como um tiro      

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o colóquio

  o espelho partido em mil partes em todas duvido se existo cogito ergo … ? eu isto nego revido verdades seu nome é ego descartes é apelido      

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o boeing

  há muito já passa da hora a demora já dura uma vida a procura já cansa a esperança é uma nave perdida a resposta é uma chave sem porta a saída é uma rota de descida em queda livre … do que se ama só sobrevive ao fim de tudo um celular que chama […]

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penélope

  desfaço um plano esgarço um pano laço a laço , disfarço e passo ano a ano sol a sós , desconto um conto me engano e pronto , não dou ponto sem nós    

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o ópio

  só a flor exata me sacia o olfato e a falta desse cheiro é tão macia como um travesseiro que me mata por asfixia      

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o poço

  não posso dar nome ao troço que entorna  e não míngua não há espaço pra escrita entre a fome e a saliva que pinga não cabe um traço entre o que sabe a carne viva e a forma estrita da língua        

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a réstia

  a lua procura uma fresta estreita na janela   e ali se deita amarela como a noite escura de quem vela            

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a palavra

  manifesto mudo : se eu pudesse dizer tudo seria um gesto            

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a funcionária

  não sou poeta bissexta bato ponto boto pingo nos is da poesia todo santo dia de sábado a sexta feira feriado no domingo não me comprometo viro pro lado inspiro e tiro um soneto      

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a aurora

  o dia nasce tão lindo e quase ninguém vê tudo dormindo em breu só eu desperto e você nós a só(i)s ligados no espaço aberto por um segundo e depois como se os dois lados do mundo fossem perto      

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o aqui

  ser é escasso , o tempo vence o espaço pelo cansaço      

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o hieróglifo

  não sou eu que escolho entrar feito louca pelos seus poros ; eu oro por sua boca eu vejo pelo seu olho de hórus      

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o amor

    todo jogo é inócuo sobre a oca esfera , todo fogo se apaga nenhum som se propaga só o verbo reverbera no vácuo      

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a obscurecência

  essa obscura essência que te impele ao erro é a ausência impura do meu cheiro em tua pele      

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a ave

  antes que esse assombro apague uma garça ou que o sol soçobre sob o céu de cobre hei de ter a graça de uma asa no ombro mesmo que me sobre só uma rima pobre    

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a ama

  só a inocência ensina só o tempo acriança ; uma anciã que dança me nina      

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o relâmpago

  desfio uma nuvem de fios de espanto pra não dormir cedo não morrer de medo de frio e de pranto enquanto o sol não vem    

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a pintura

  triste baía sua beleza sobrepuja a água espessa que o homem suja   ó guanabara sempre linda outrora clara uma aquarela   agora escura ao sol fulgura ainda mais bela   óleo sobre tela      

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a confissão

  senhor eu pequei como pude ? paguei o teu mal com o pecado mortal da virtude .    

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o açougue

  a língua exposta esfria um beijo em postas , sobre o chão de azulejo a carne pouca , eu coração fora da boca latejo        

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o palheiro

    a escolha é uma agulha preta na areia amarelo-palha de uma ampulheta quebrada : o tempo se espalha e nada há que perdure fora do ponto cego onde esse prego do agora nos pendure .      

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o desabafo de safo

  … pois em verdade eu te digo digas tu o que disseres as palavras, meu amigo são mulheres      

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o tropel

  cavo intervalos em tempos novos como cavalos pisando em ovos    

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a paz

  resolução de réveillon : se não tá bom, rebelião! no mais, shalom          

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a sobra

    do natal só se espera a velha alegria ; comer a ceia fria da véspera        

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o acidente

  tesoura corta um pedaço do meu dedo , do aço não tenho medo sei que arde tarde ou cedo me firo mas prefiro o ardor da ferida ao desamor , se há sangue há vida isso é o que importa só não tem dor a carne morta      

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a migração

se eu nem sei onde fica o longe até que acabe   não olhar pra trás não basta   mais eu nado mais o horizonte se afasta   converso com o vento que em verso responde um lamento lento   confesso não entendo palavra   maré brava me cansa dessa dança embora linda   um […]

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o escafandro

  nenhum porto me aparta desse impróprio recheio esse furo , nenhum ópio me conforta , no escuro tateio esmurro , o outro é um muro sem porta , esse corpo ao meio não me comporta        

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o poente

    o sol sabe se pôr como um rei sem atraso …   só sei que nada sei do amor , deixo ao ocaso      

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o milagre

  … espero um sinal   pelo sim pelo now              

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a monção

  nuvens vermelhas escorrem prantos encharcam panos entornam pântanos   cobrem folhas como mantos escorregam pelas telhas saltam beiras correm canos   córregos entoam cânticos nos cantos cheios de chuva e seivas de ervas e sândalo   lótus derramam cântaros de águas de cheiro no meu canteiro de flor de cânhamo          

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o genuíno

  “a justiça é cega vale quantos pega” grita a multidão e taca pedra , tem dia que dói na fé e na razão , sei que tudo é como sói mas não              

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o cartésio

  principio logo penso precipício imenso   ¨   cogito e só venço o tempo vazio pelo silêncio      

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a graça

  ser é um mistério lindo e findo e tão sério que só rindo      

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a deusa

  afrodite é afro acredite tem os olhos da cor do céu quando negro preto leite em seus seios sulcos sábios e os lábios cheios de mel , um perfil nada grego    

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a avoada

  não sou marilyn nem nada mas não vim ao mundo à toa , me visto de madrugada com duas gotas de cheiro   e se a vida é um bueiro a minha saia avoa  

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a partida

  e levo comigo meu lar muitas casas   é leve meu abrigo um par de asas    

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o perene

  há um som de fundo mudo e surdo ao absurdo de estando tão distante estanque estar intruso em cada instante e sendo esquivo estranho escuso vencer os mares  morros  murros mortes muros   o nó desfeito não desata o ponto escuro o rio passa sobre o leito o amor contudo   o mundo muda o tempo […]

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a boneca

  cá estou eu louça e criança entre seus medos e outros vidros   fosca lembrança no museu dos brinquedos esquecidos  

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o travesseiro

  deixo dormir um poema inconcluso dispo-me de penas que não uso deito-me apenas na fronha fresca a alfazema descanso com afinco no manso abrigo onde um ganso longínquo sonha comigo      

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o bálsamo

  pingo cor lírio na dor branca dos meus olhos   pra ser bem franca eu uso ósculos  

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